04/12/2013

Comemorações do 20º Aniversário da CPCJ Ovar oficialmente abertas | “Em defesa dos superiores interesses das Crianças e Jovens”




I
- noticia publicada no site oficial da Câmara Municipal de Ovar -

CPCJ Ovar – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Ovar iniciou, ontem, o programa das comemorações dos 20 anos de funcionamento, numa cerimónia carregada de simbolismo, que teve lugar às 17 horas, no salão nobre da Câmara Municipal de Ovar, precisamente no mesmo local, na mesma data e à mesma hora em que decorreu, há 20 anos atrás, a primeira reunião da então denominada Comissão de Menores da Comarca de Ovar.
Nesta cerimónia marcaram presença o Presidente da Comissão Nacional de Proteção de Crianças em Risco, Armando Leandro, o diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Aveiro, Santos Sousa, os presidentes da Câmara e Assembleia de Ovar, Salvador Malheiro e Pedro Braga da Cruz, o primeiro presidente da Comissão de Menores de Ovar (1993), Carlos Santos, o primeiro secretário da CPCJ de Ovar (2001), Álvaro Gomes, membros da CPCJ Ovar ao longo dos 20 anos de existência, autarcas e outras entidades.
João Duarte, presidente da CPCJ de Ovar abriu esta cerimónia, recordando que “Foi neste Salão Nobre. Neste espaço onde se reúnem os representantes do Povo de Ovar que há 20 anos se iniciou o “movimento cívico” de envolvimento da Comunidade Ovarensena defesa daquilo que hoje interiorizamos como um princípio imperativo de maturidade civilizacional: a defesa dos superiores interesses das Crianças e Jovens”. João Duarte avisou ainda “é urgente incorporar e não nos afastarmos do objeto da Lei: a promoção dos direitos e a proteção das crianças e dos jovens em perigo, por forma a garantir o seu bem-estar e desenvolvimento integral. É forçoso chamar as crianças à participação, dando-lhes voz e portanto a possibilidade merecida de intervir ativamente em tudo o que a elas diga respeito. Este é um ganho civilizacional pelo qual lutaremos necessária e obrigatoriamente nesta Comissão”, adiantando que “lutaremos por uma sociedade que pensa a criança mas que também pensa com a criança”.
O presidente da Câmara Municipal de Ovar começou por revelar especial satisfação “em nos associarmos às Comemorações dos 20 anos da CPCJ de Ovar”, adiantando que “antes de tomarmos posse, dissemos que a CPCJ seria um parceiro privilegiado da CMOvar, que prepararíamos a candidatura de Ovar à UNICEF para sermos a “Cidade Amiga das Crianças”, que implementaríamos ações e políticas que aumentem a participação das crianças nas tomadas de posição. E, desde o primeiro dia, estamos ávidos por colocar em prática esta nossa intenção. Por isso, quando fomos confrontados com a solicitação de nos associarmos a estas comemorações, não tivemos dúvidas em aceder, bem como colocar os serviços e os recursos desta autarquia à disposição da CPCJ. Sendo certo que prosseguiremos com a concretização dos objetivos delineados”.
Salvador Malheiro agradeceu ainda o trabalho desenvolvido por esta Comissão em prol das Crianças e Jovens de Ovar e em prol da Comunidade, e concluiu a sua intervenção, citando um provérbio popular queniano que, na sua opinião, define com mestria a importância das crianças “
O mundo em que vivemos não nos pertence, apenas o pedimos emprestado aos nossos filhos e às nossas crianças”.
Armando Leandro, Presidente da Comissão Nacional de Proteção de Crianças em Risco, num discurso envolvente e até emotivo, felicitar a CPCJ de Ovar, salientando a qualidade da comunidade, a qualidade da política local e a qualidade cívica e ética, revelando que “a CPCJ pode ter um projeto que sirva de exemplo para o país. Esta é uma Comissão que germinou e venceu graças a todos vós, pelo que vos desejo as maiores felicidades”.     
Esta cerimónia encerrou com um interlúdio musical por elementos da Banda Filarmónica Ovarense, seguida de um porto de honra de convívio e confraternização. 

 II
- CPCJ de Ovar -
A Comissão de Ovar acompanhou nestes últimos 20 anos mais de 2800 crianças (ressalvo aqui crianças que ao falar de crianças falo de cidadãos dos 0 aos 18 anos, tal como prevê a Convenção sobre os direitos da criança), sinalizadas pelas instituições e pessoas da COMUNIDADE pelas mais diversas e complicadas problemáticas de perigo.
Da negligência ao abandono; do mau trato ao abuso sexual; do envolvimento em práticas criminais à ofensa física e psicológica; do envolvimento em consumos de substâncias aditivas ao abandono escolar “nova praga” de perigo que inquina projetos e sonhos de todos nós… mas em especial do cidadão CRIANÇA.

A Comissão de Ovar apoia um número exagerado de crianças e jovens expostas a situações de perigo, com preocupação acrescida no facto de nos últimos quatro anos nascerem no concelho menos de 500 crianças por ano. As crianças começam a ser um “bem cada vez mais escasso”, como recorrentemente nos alerta o Exm.º Senhor Presidenta da Comissão Nacional – Dr.º Armando Leandro e que por isso devem ser merecedoras do nosso especial cuidado.
A CPCJ de Ovar acompanhou, nos últimos 5 anos, em média 360 crianças por ano (entre processos abertos (160), reabertos (30) e transitados (180), em faixas etárias de enorme precocidade (0 os 2 anos) que em regras replicam um “continuum” geracional de perigo ou manifesta incapacidade para o exercício da parentalidade ao que se alia um profundo atraso sinalizador manifesto no colossal número de crianças sinalizadas com mais de 15 anos de idade, por causa e consequência certamente da impreparação dos adultos para perceber estes novos tempos onde a criança deixa de ser um mero objeto de direitos para ser um SUJEITO DE DIREITO. (ressalvo o Direito: ao tempo de ser criança; contra o trabalho infantil; à segurança social, ao ensino, à saúde e à educação para a tolerância e a paz bem como ao reconhecimento dos seus próprios direitos.

A lei de proteção de crianças e jovens em perigo projeta as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens como o motor de um novo modelo de defesa da CRIANÇA com base na ideia de que cada comunidade local é responsável pelas suas crianças e jovens, constituindo um instrumento fundamental das políticas e estratégias locais de promoção e desenvolvimento do capital social, ético, cultural, político e económico, aonde todos os cidadãos e serviços devem empenhar-se numa atuação competente, efetiva, generosa, solidária e capaz de estimular as energias locais potenciadoras de estabelecimento de redes de desenvolvimento social.

È o apelo à participação das Instituições e serviços da COMUNIDADE (Município, Segurança, Social, Saúde, IPSS, ONG, Associações de Pais, Associações Juvenis, dos membros designados pela Assembleia Municipal e Forças de Segurança), mas também todas as pessoas da COMUNIDADE, por força da possibilidade de COOPTAÇÃO de cidadãos com especial interesse pelos problemas da infância e juventude, tal como define o artigo 17.º da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo.

È nesta prática de envolvimento, de partilha, de disponibilidade e de negociação que algumas das organizações se afastam da Proteção e Promoção dos direitos das CRIANÇAS e Jovens, ao não priorizarem o trabalho desenvolvido pelo seus representante na Comissão, ao afastarem-se involuntariamente da defesa dos direitos daas CRIANÇAS e do apoio á família.
Registos aqui que as medidas aplicadas pelas comissões de proteção (só aplicáveis pelas Comissões e Tribunais), obrigam a tomada de decisões negociadas que vão integrar o acordo de promoção e proteção, situação de grande exigência/complexida e deferida às Comissões.

Há cada vez mais a urgência de crescermos na defesa dos direitos da CRIANÇA.

É urgente incorporar e não nos afastarmos do objeto da Lei de Proteção de Crianças e jovens em perigo: a promoção dos direitos e a proteção das crianças e dos jovens em perigo, por forma a garantir o seu bem-estar e desenvolvimento integral.

Como diria o Dr.º Paulo Guerra (…) Temos de nos concentrar naquilo que mais ninguém vai fazer por nós… (…)


É forçoso chamar as crianças à participação, dando-lhes a voz e portanto a possibilidade merecida de intervir ativamente em tudo o que a elas diga respeito. Este é um ganho civilizacional pelo qual lutaremos necessária e obrigatoriamente nesta na Comissão.

O governo de uma cidade/duma freguesia/dum concelho não será saudável e civilizacionalmente justo se não pensar a CRIANÇA no seu território. Menos justo será se não ouvir as CRIANÇAS, sentindo as suas necessidades, anseios e sonhos.

Temos que abrir em definitivo a janela dos sonhos, materializada numa sociedade em que todas as crianças são sujeitos de direitos, mas também detentoras de direitos.

Uma sociedade que pensa a criança mas que também pensa com a criança.


(próximo de terminar esta minha intervenção vou fazer referencia citando partes de textos elaborados por dois colegas da Comissão para esta cerimonia: Ana Paula e Álvaro Vilas).

Viveram-se vinte anos de história: mudaram os elementos, alterou o nome, diversificaram-se as problemáticas, atualizaram-se procedimentos mas o objetivo primordial permaneceu – o superior interesse das crianças e dos jovens.

Para nós o trabalho, embora por vezes árduo, não é inglório. Como diria António Gedeão: “… o melhor do mundo são as crianças…


Muito Obrigado,
João Duarte

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