Presidência do Conselho de Ministros, Aprova a Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas (2013-2020)
Resolução
do Conselho de Ministros n.º 25/2013
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Preâmbulo
Os Ciganos
estão em Portugal há 500 anos. Oriundos do Nordeste da Índia, iniciaram os seus
movimentos migratórios por volta do séc. III. Fizeram longas caminhadas, atravessaram
inúmeros países, onde muitos grupos foram ficando, enquanto outros continuaram
essas incessantes viagens. Estas passagens por regiões tão diversas, bem como
as suas fixações, trouxeram forçosamente influências e apropriações em termos
culturais e linguísticos, proporcionando a formação de vários grupos que, sendo
diferentes entre si, têm raízes comuns.
Este facto faz
do povo cigano um conjunto heterogéneo, dentro das suas semelhanças.
O grupo Kalé
chegou à Península Ibérica no primeiro quartel do séc. XV e a Portugal em
meados do mesmo século. Pode imaginar-se a estranheza que esta gente tão diferente,
a falar uma língua estranha, vestida de forma exótica e com hábitos totalmente
diferentes, causou na sociedade de então. A sua aura de mistério atraía tanto, quanto
afastava. E durante muito tempo esse afastamento foi real, pois o desconhecido,
separa. Criaram-se elações que não se pautaram nem pela confiança, nem pelo
apreço.
A discriminação
e marginalização de que cedo foram alvo, obrigaram a um grande isolamento,
tendo criado à sua volta uma barreira que, se por um lado lhes permitiu conservar
a sua identidade e cultura, por outro remeteu-os ao esquecimento, à
desconfiança da sociedade maioritária e à sua própria exclusão. Coesos mas
insubmissos, continuaram, no entanto, a conservar os seus valores fundamentais que
se prendem com o culto da família, com o respeito pelas pessoas mais velhas e a
proteção das crianças.
Durante séculos
foram perseguidos e submetidos a leis repressivas que legitimaram castigos
muito duros, nem sempre proporcionais aos delitos cometidos.
Só passados
quase quatro séculos após a sua entrada em Portugal, a Constituição de 1822
atribui a cidadania portuguesa aos ciganos, que passaram a ser reconhecidos como
portugueses de pleno direito.
Fazendo uma retrospetiva
histórica sobre as formas de vida das comunidades ciganas, concluímos que a sua
situação atual ainda é bastante vulnerável. Apesar das transformações sociais
que têm ocorrido e de algumas melhorias na situação dos ciganos, há ainda uma
série de fatores que concorrem para uma grande resistência à sua integração:
exclusão social, discriminação, dificuldade de mobilização, resistência à
escolarização, perda de recursos económicos, profissões tradicionais em
declínio, índice elevado de detenções e obediência a regras internas muito fortes.
No entanto, o
decurso do tempo e um melhor conhecimento da sua história e cultura veio gerar
novas dinâmicas entre ciganos e não-ciganos, criando laços de respeito e apreço
mútuos. Saber o «porquê» implica também compreender, aceitar, respeitar.
«Suavizaram-se» as suas relações que ora avançam, ora recuam. Houve, no
entanto, pontos de viragem que levantaram barreiras e criaram pontes que,
lentamente, têm contribuído para mudar o curso da história.
1 comentário:
Este DL 25/2013 estando em discussão pública, era merecedor de alguma atenção cá em Ovar tendo em conta a já significativa população das comunidades de etnia cigana. Isto no sentido de tudo não ficar por iniciativas de fachada, deixando tudo na mesma, em nome de argumentos repetidos e ás vezes xenofobos. Mas particularmente a coerencia desta estratégia ao nivel da escola pública, era um bom debate...
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